Quando pensamos em vinho do Médio Oriente, surgem imagens de antigas civilizações e terroirs lendários onde os fenícios já cultivavam uva muito antes de Bordéus ou Toscana existirem. Hoje, em pleno século XXI, vinhos extraordinários como Domaine de Bargylus (Síria) e Château Marsyas (Líbano) continuam a produzir histórias — e garrafas — que simbolizam a resistência cultural do vinho, mesmo em cenários de conflito.

Domaine de Bargylus: O Vinho Mais Perigoso do Mundo

Situado na encosta dos Montes Bargylus, perto de Latakia, na Síria, Bargylus é o único produtor relevante do país, fundado pela família Saadé em 2003. Enfrentando guerra civil, bloqueios e perigos reais, os irmãos Karim e Sandro operam remotamente desde o Líbano, recebendo amostras enviadas por táxi para aprovar cada colheita. A logística é épica: equipamentos importados em segredo, deslocações por estradas controladas por várias milícias, e vinho feito sob bombardeamentos ocasionais. Ainda assim, Bargylus mantém a produção de cerca de 45.000 garrafas por ano, destacando-se pelo seu perfil mineral, fresco e elegante (Brancos de Chardonnay-Sauvignon Blanc e tintos de Cabernet Sauvignon, Syrah e Merlot).

Não é só pela dificuldade que o Bargylus brilha: críticos como Jancis Robinson já descreveram o vinho como “provavelmente o melhor do Mediterrâneo Oriental”. Cada garrafa é mais do que vinho; é testemunho de coragem, património e esperança.

Château Marsyas: Excelência Libanesa no Vale do Bekaa

O Château Marsyas, também da família Saadé, é o reflexo desta mesma perseverança no Líbano, terra de tradição vinícola milenar e de inovação moderna. Localizado no alto do Vale do Bekaa, Marsyas beneficia de altitude, clima mediterrânico e solos calcários ideais para grandes vinhos de perfil internacional.

Com consultoria francesa e foco em blends sofisticados (Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot, brancos de Chardonnay e Sauvignon Blanc), Marsyas tornou-se ícone da nova geração de vinhos libaneses que conquistam sommeliers em todo o mundo. O Líbano, apesar das suas crises e complexidade política, mantém cerca de 40 produtores ativos, sendo Marsyas um dos exemplos mais brilhantes da capacidade de renovação e qualidade crescente.

O Espírito da Vinha: Da Antiguidade à Atualidade

Na Vinha, apostar em Bargylus e Marsyas é acreditar na força transformadora do vinho — aquele que sobrevive à adversidade, celebra a cultura e liga pessoas através da partilha. Por trás de cada garrafa está uma história de resiliência que vale a pena conhecer e provar.

Ter nas novidades estes dois nomes é reunir, na prateleira, o melhor que o Mediterrâneo Oriental tem para oferecer: vinhos raros, vinhos de guerra, vinhos de esperança.

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O vinho, como dizia Serge Hochar, não é “coisa séria” — é uma celebração da felicidade, mesmo quando o mundo parece desabar. E talvez seja isso que torna Bargylus e Marsyas tão especiais: não são apenas vinhos para beber, são vinhos para sentir e para contar.

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