A Páscoa é uma época repleta de tradições antigas e significados profundos que remontam a tempos imemoriais. No centro destas tradições está o vinho, bebida que tem desempenhado um papel fundamental nas celebrações ao longo dos séculos.

Na antiguidade, o vinho já era considerado uma dádiva dos deuses, e a sua presença nas festas e rituais religiosos era comum em muitas culturas, nomeadamente na cultura judaico-cristã.

 

A comprová-lo temos várias passagens do Antigo Testamento (da Bíblia, para os católicos, Tora para os judeus), em que o vinho era frequentemente associado a:

Benção e abundância: no Genesis 27:28 Isaac abençoa Jacob dizendo «Que Deus te conceda a chuva do céu e boas colheitas na terra, com abundância de trigo e de vinho.»

Cerimónia religiosa: no Êxodo 29:40, Deus instrui Moisés a preparar uma oferenda diária de manhã e à tarde «Com o primeiro cordeiro oferecerás dois quilos da melhor farinha, misturada com um litro de azeite de oliveira, e derramarás como oferenda um litro de vinho.»

Alegria e celebração: em Eclesiastes 9:7, está escrito «Anda, come com gosto o teu pão e bebe o teu vinho com alegria, porque Deus está contente com aquilo que tu fizeste.»

 

A Páscoa para os católicos, Pessach para os judeus, é das festas mais importantes do calendário religioso, embora por motivos diferentes, mas em ambas o vinho adquire um significado simbólico muito forte.

Pessach deriva da palavra hebraica “pasach”, que significa “passar por cima” ou “saltar por cima”. A Páscoa judaica comemora a libertação dos judeus da escravidão no Egito antigo, conforme descrito no livro do Êxodo. Na narrativa da décima praga enviada por Deus contra o Egito os primogénitos egípcios foram mortos, mas os judeus foram poupados porque tinham marcado as portas de suas casas com o sangue de um cordeiro sacrificial. Deus “passou por cima” das casas marcadas e não feriu os filhos de Israel.

Para a comemorar, as famílias judaicas reúnem-se no Seder – uma refeição cerimonial que inclui a recitação de orações, a leitura da Haggadah (um texto que narra a história do Êxodo) e o consumo de alimentos simbólicos, como matzah (pão ázimo) e ervas amargas, além de vinho. Durante um Seder, cada adulto bebe quatro copos de vinho, representando a redenção dos judeus da escravidão sob os egípcios. Um quinto copo é servido, mas não é consumido, sendo reservado para o profeta Elias, representando a redenção futura.

Para os cristãos, a Páscoa é a celebração mais importante do calendário religioso, celebrando a morte e ressurreição de Jesus Cristo.

Também no contexto da Páscoa cristã, o vinho desempenha um papel significativo uma vez que na Última Ceia, segundo os Evangelhos, Jesus compartilhou pão e vinho com os seus seguidores, instruindo-os a fazê-lo em sua memória. «Depois pegou no pão, deu graças a Deus, partiu-o, deu-o aos discípulos: “Isto é o meu corpo entregue à morte para vosso benefício. Façam isto em memória de mim.” Do mesmo modo, depois da ceia, pegou no cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança de Deus confirmada com o meu sangue, derramado para vosso benefício.”» – Lucas 22:19-20.

Mas para além de celebrar a libertação da escravidão, ou a ressureição de Cristo, a Páscoa também marca o início da primavera no hemisfério norte, simbolizando um tempo de renovação, alegria e esperança.

 

Nesta Páscoa, desfrute de um copo de vinho, com a Família, com os Amigos, e aprecie a riqueza das tradições.

 

Uma Páscoa Feliz!

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