O projecto XXVI Talhas presta homenagem à tradição milenar de produção de vinho de talha.
Em Vila Alva, aldeia típica localizada no coração do Alentejo, há uma grande cultura e tradição de produção vinho através deste método artesanal, introduzido pelos romanos há mais de dois mil anos. O “saber fazer” tem passado de geração em geração, o que permitiu que esta técnica de produção seja uma realidade nesta aldeia até aos dias de hoje.
É na antiga adega do Mestre Daniel que produzimos o nosso vinho de talha segundo os métodos tradicionais.
Daniel António Tabaquinho dos Santos (1923-1985) para além de produzir vinho, utilizava também este local para trabalhar como carpinteiro e, por esse motivo, era conhecido localmente como o “Mestre Daniel”.
Como é tradição em Vila Alva, os recipientes utilizados para a vinificação são as talhas, descendentes das grandes vasilhas romanas, com capacidades que variam entre os 300 e 1300 litros.
O vinho de talha com maior tradição em Vila Alva tem sido o branco, produzido a partir das castas Antão Vaz, Roupeiro, Manteúdo, Perrum, Diagalves (Uva Rei e Larião (Uva de Algibeira). Todavia, sempre se produziu também vinho tinto, principalmente a partir da casta Tinta Grossa, e também algum “palhete”, que resulta da mistura de uvas brancas e tintas.
Produzido em grandes talhas ou em pequenos potes, o vinho de talha, tanto o branco como o tinto, resulta de um processo de fermentação que acontece juntamente com a massa vínica, na gíria designada ‘mãe’, onde o vinho permanece, pelo menos, até ao dia de São Martinho (11 de Novembro), aí adquirindo as características que o distinguem de todos os outros vinhos.
Para além do vinho produzido em grande quantidade nas adegas, existe um conceito muito interessante em Vila Alva que é o do ‘Tareco’. O termo ‘Tareco’ aplica-se ao(s) pequeno(s) pote(s) de barro que quase todos os vilalvenses têm para produzir vinho em casa, numa minúscula e improvisada adega ou mesmo na garagem, exactamente pelo mesmo método de vinificação do vinho de talha.
Prove e deixe-se surpreender por um vinho com 2000 anos de história, agora ao seu dispor.